A entrada na era digital trouxe mudanças consideráveis na forma como interagimos com o mundo. Relações interpessoais mudaram, assim como também o método de aprendizado. Muitos certamente tiveram durante sua vida escolar, a chamada metodologia passiva de ensino, que basicamente consiste em o professor à frente da sala explicando e os alunos absorvendo aquele conhecimento.

No entanto, com os jovens cada vez menos conseguindo parar e ficando longo tempo prestando atenção em algo, esse tipo de método (que antes já era alvo de críticas), mostra-se cada vez mais ineficiente para ensinar. Por causa disso, muitas instituições de ensino passaram a adotar uma metodologia ativa de aprendizado.

Apesar de parecer algo muito diferente, trata-se de diversas alternativas ao método tradicional. Até quem teve um aprendizado pelo método tradicional, também já lidou em algum momento com elas. Iremos adiante explicar melhor o que são, além de suas principais opções.

Metodologias ativas de aprendizado: o que são e a diferença para as passivas

O modelo mais comumente praticado nas instituições de ensino é aquele em que o aluno acompanha a matéria lecionada pelo professor por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos. Esse método é conhecido como metodologia passiva de aprendizado, pois temos o professor como o protagonista da educação.

Por sua vez, as metodologias ativas de aprendizado baseiam-se em atividades instrucionais, capazes de engajar os estudantes para que eles se tornem os protagonistas no processo de construção do próprio conhecimento. Dessa forma, troca-se a simples transmissão de informações e investe-se no desenvolvimento de habilidades.

O principal objetivo aqui é que os alunos absorvam o conhecimento de maneira mais autônoma e participativa. Isso porque, no método tradicional, há maior dificuldade de assimilação daquilo que é ensinado. Geralmente é causado por uma falta de aplicação prática daquilo que os professores transmitem.

Na metodologia ativa, o próprio papel do professor muda. Ele deixa de ser o centro das atenções e passa a atuar como um mentor ou mesmo um mediador (dependendo da metodologia empregada). Ou seja, ele busca orientar e conduzir os alunos na solução de problemas, na elaboração de ideias e argumentos, no trabalho em equipe etc.

Por que esse método é visto como mais efetivo?

Um dos principais motivos é o papel do aluno, pois, a partir do momento em que se aumenta a importância dele no processo, consegue-se atingir melhores resultados. O método tradicional, focado no que chamamos de “decoreba”, costuma dificultar a assimilação do que é ensinado.

Quando se investe em dar a oportunidade para todos os alunos de pensar e interagir com o material de estudo, para aprimorar as habilidades de pensamento crítico, pode-se melhorar os índices de motivação dos alunos e, assim, diminuir as taxas de reprovação.

Quais as principais metodologias ativas de aprendizado?

Temos algumas opções mais recentes, que se valem especialmente da tecnologia. Muitas metodologias ativas de aprendizado são bem conhecidas do público em geral. Sendo assim, vamos trazer exemplos de algumas delas abaixo.

1 – Sala de aula invertida

Primeiro, vamos trazer uma metodologia feita especialmente para se valer das possibilidades da era digital. Seu principal objetivo é substituir a maioria das aulas expositivas por conteúdos virtuais. Isso é feito da seguinte forma: a instituição de ensino disponibiliza ao aluno acesso aos conteúdos on-line, para otimizar o tempo em sala de aula.

Ou seja, em vez de o aluno chegar sem nenhum conhecimento prévio, ele o procura antes de ir para aula. Com isso, ao chegar à escola, ele aproveita o tempo em sala com o professor para tirar dúvidas e interagir com os colegas para fazer projetos, resolver problemas ou analisar estudos de caso.

2 – Seminários e discussões

Segundo, traremos uma opção mais familiar para muitos. Temos aqui o professor que apresenta um tema ou problema para a discussão e pede aos alunos opinarem a seu respeito ou trazerem uma solução.

Além de trazer uma forma de debate mais igual, especialmente por colocar todos em posição de igualdade (geralmente reorganizando as carteiras em círculo), o professor também possibilita aos alunos desenvolverem seu potencial argumentativo. Isso porque eles ficarão expostos a muitos pontos de vista diferentes os quais acabarão por tirá-lo de sua zona de conforto intelectual.

3 – Pesquisas de campo

Essa é uma outra opção bem conhecida. Como o próprio nome diz, trata-se de fazer pesquisa sobre qualquer tema proposto fora da sala de aula, com pessoas diferentes de seu convívio escolar.

Apesar de não ser algo novo, pode-se potencializar seu uso ao se aplicar de forma mais regular para a solução de exercícios ou problemas propostos pelos professores. Essa metodologia ativa de aprendizado é excelente para se juntar à dos seminários, pois pode-se trazer, como exigência para melhorar a qualidade da discussão, pontos de vista de pessoas de fora.

4 – Gamificação

Falamos de uma metodologia ativa de aprendizado bastante eficiente, pois traz aos alunos elementos muito familiares, como os das situações que eles encaram nos videogames. O objetivo é envolver os alunos para inspirá-los, além de incentivar a colaboração, a interação e o compartilhamento por meio dos elementos e princípios dos jogos.

Vale dizer que não exatamente uma necessidade de elementos tecnológicos para que esse método seja eficiente. Ele pode valer-se de elementos comuns ao RPG como criar times, propor desafios com regras e até mesmo oferecer a possibilidade de que eles criem avatares ou personagens para a situação.

Ainda assim, neste caso podem-se valer de recursos digitais como jogos e aplicativos com formas interativas de aprendizado e conseguirão resultados muito mais efetivos. Um bom exemplo são muitos jogos em que você, para utrapassar determinado desafio, precisa resolver um problema, acertar uma determinada palavra etc. É tornar o aprendizado uma grande diversão para os alunos.

5 – Estudos de caso

Aqui você tem outra metodologia ativa de aprendizado que não é novidade para muitos. Trata-se da situação em que o professor traz um problema do mundo real com a intenção de ensiná-los a lidar com aquilo.

Dessa forma, o Estudo de Caso oferece aos estudantes a oportunidade de direcionar sua própria aprendizagem, enquanto exploram seus conhecimentos em situações relativamente complexas. Com isso, você os coloca para discutir o tema e para buscarem uma solução melhor para o caso, visando estimular o pensamento analítico e sistêmico.

Como implementar a metodologia ativa de aprendizado?

Antes de tudo, é preciso ter em mente que falamos de sair de algo tradicional que muitas vezes pode não ser bem compreendido por pais e até mesmo por alguns docentes. Por isso, deve-se trabalhar em várias frentes, para poder mudar a cultura educacional. Entre algumas das principais ações temos:

  • investir em capacitação – de nada adianta trazer várias novidades e técnicas modernas, se você não tiver pessoas preparadas para usá-las. Por isso a primeira coisa é buscar capacitar professores para se adaptarem àquela nova realidade. Além disso, garantir a motivação dos profissionais, que irão sentir-se valorizados pela instituição;
  • investir em materiais – obviamente não se pode modernizar algo sem que se faça um investimento em recursos tecnológicos. Infraestrutura, assinaturas de programas, streamings, aplicativos devem passar a constar no orçamento;
  • trazer as famílias para o processo – para que as ideias sejam bem compreendidas pelos responsáveis, é fundamental que eles participem desse processo de modernização. A presença dos familiares durante todo o processo é crucial para que entendam exatamente o que está sendo feito dentro da sala de aula e sintam-se mais seguros com os processos em implementação;
  • trabalhar o relacionamento professor-aluno – por fim, mas não menos importante, deve-se trabalhar para que haja um ambiente de aprendizado empático entre ambos. Para isso, é necessário investir na promoção de habilidades socioemocionais, para facilitar que os docentes administrem melhor seu relacionamento com os alunos.