A liderança atuando em problemas complexos foi o tema de nossa quinta aula no Curso GRATUITO de Formação de Líderes Digitais. Durante uma hora e meia, a professora Fernanda Marinho fez uma exposição e respondeu a perguntas dos alunos sobre o tema.

Dando continuidade ao assunto, por que os líderes devem ter a preocupação com problemas complexos? Todas as atividades hoje apresentam nível maior de complexidade do que anteriormente? Há problemas de resolução simples?

Este texto visa responder a essas perguntas e complementar o conteúdo apresentado na nossa aula.

Tecnologia aumentou interconexão e interdependência

Primeiramente, temos que contextualizar o assunto. Pode parecer meio batido falar de globalização em 2020, mas certamente essa tendência mudou a forma como fazemos negócios. O incremento da tecnologia fez com todas as decisões organizacionais tenham maior interconexão e interdependência entre si e com outras áreas funcionais. Nenhum líder toma decisão sozinho e que não seja impactada por ou impacte nada.

Além disso, muitas empresas têm optado por processos de descentralização e até mesmo de autogestão por parte de seus colaboradores.  Dessa forma, o líder delega e tem muito menos controle sobre os aspectos da operação do que anteriormente, e o alcance das atividades é mais reduzido, como se cada módulo de uma empresa fosse um microuniverso particular.

Dito isso, a conclusão a que podemos chegar é que todos os problemas de hoje são mais complicados que os de antigamente, apesar de nem todos serem complexos. A cadeia de interdependência da tomada de decisão leva ao gestor uma necessidade maior de calcular o risco de seus passos. Os resultados disso podem ser magníficos ou desastrosos em uma escala global.

Como resolver problemas complexos?

Sendo assim, como podemos resolver problemas complexos? Evidentemente não há uma resposta única e simples a essa pergunta. Talvez a melhor alternativa seja aceitar que problemas complexos não são solucionados, e sim gerenciados.

Acompanhar de perto a situação do problema, minimizar as consequências negativas e conseguir aproveitar as oportunidades são os principais objetivos de um líder. Se há muitas variáveis (característica básica de um problema complexo), não existe a possibilidade de controle sobre todas. Principalmente em um cenário de instabilidade e incerteza, tomar decisões espontâneas e sem garantia de sucesso passa a ser rotina.

Entretanto, isso não significa abrir mão do planejamento, muito pelo contrário. Se o antigo ditado iídiche diz “Der Mensch Plant Und Gott Lacht (O Homem Planeja e Deus Ri)”, Eisenhower nos dá a resposta com seu “Planos são inúteis, mas o planejamento é indispensável”. Na resolução de problemas complexos precisamos planejar muito mais, de forma criativa e prevendo mudanças no meio do caminho. Assim podemos pelo menos estar preparados para as variáveis conhecidas e controláveis.

Testar, entender e responder

Partindo do princípio de que não há uma resposta única para problemas complexos, cabe ao líder uma incansável tentativa de resolvê-los. A metodologia de testar, entender e responder é a mais indicada, pois trará a aprendizagem necessária para o controle a longo prazo. Em uma situação complexa, o gestor precisará lançar mão de testes que possam resolver pequenas variáveis deste problema. A partir disso, ele poderá ver a consequência de suas ações, analisar e planejar os próximos passos.

Neste cenário, cresce a necessidade de um profissional com extrema capacidade analítica. Atualmente, são muito valorizadas nos mercados habilidades de análise de dados. Saber olhar para o que aconteceu (passado) e interpretar de forma técnica e científica e apontar tendências (futuro) é uma característica dos principais profissionais. Conhecer princípios básicos de estatística, métricas de avaliação de performance e projeção de cenários deixou de ser diferencial e passou a ser uma skill básica.

Com problemas complexos, o foco é na adaptação

Ao mesmo tempo em que planeja com detalhes sua tomada de decisão, o líder deve saber o quanto é importante a capacidade de adaptação da organização. Como a imprevisibilidade é inevitável e muitas variáveis estão fora de controle, cabe à empresa saber adaptar-se ao que vem pela frente.

Parafraseando Darwin e trazendo para o mundo empresarial, quem sobrevive não é o mais forte e nem o mais inteligente; é quem melhor se adapta. Quanto mais engessada sua empresa e maior a dificuldade de sua equipe de adaptação, maior será o caminho para o enfrentamento de um problema complexo.

Em um mundo no qual a velocidade da transformação digital é impressionante, é muito fácil ficar para trás e ser esquecido pelo mercado.

Ser criativo é um diferencial

Sendo assim, o que resta ao líder é buscar na criatividade a solução para os problemas complexos. Visualize cenários absurdos e assustadores, pense em tudo que pode dar certo ou errado de maneiras que não são possíveis hoje. Crie histórias, não fique preso às variáveis existentes e conhecidas.

Em outras palavras, e com o perdão do clichê, pense fora da sua casinha. Dificilmente as soluções existentes serão as melhores para os novos problemas. Aliás, esqueça a ideia de uma solução para um problema. Geralmente o caminho é composto por várias ideias, cada uma atacando uma pequena parte do problema em si. Ter várias frentes de ação aumentam consideravelmente sua chance de sucesso.

Aprendizagem contínua no processo

Além do mais, é importante ressaltar que um processo de resolução (ou gerenciamento) de um problema complexo é de contínua aprendizagem. As informações que se apresentam durante as análises e que não eram conhecidas no início devem ser levadas em consideração.

Pensando nessa questão como uma linha temporal, você não pode ter a mesma visão sobre um problema que tinha há 6 meses. Se as soluções propostas por sua equipe depois de um período são as mesmas do início, algo de errado está acontecendo. Mais do que numa situação comum, um problema complexo é um ciclo contínuo e ininterrupto de aprendizagem. Invista no estudo deste problema sob vários ângulos diferentes, e depois volte ao início, com uma visão certamente diferenciada da que tinha no começo.

Analise dados em tempo real

Como dissemos acima, é muito importante saber analisar os dados passados para projetar o futuro. Porém, mais que isso, utilize as ferramentas mais modernas de big data para poder fazer análises em tempo real!

Utilize a tecnologia disponível a seu favor. Hoje temos várias formas de medirmos o desempenho de todas as áreas funcionais da empresa. Portanto, tenha no início do projeto os KPIs bem definidos, e acompanhe tudo em tempo real. A velocidade de resposta aos desafios apresentados por problemas complexos poderá ser o grande diferencial para a sua organização. Saber o que acontece no mercado e estar pronto para mudar a rota ou reforçar suas crenças certamente levará sua equipe ao sucesso.

Lance um MVP (Minimum Viable Product), estabeleça a proposta de valor e minimize os riscos

Ainda pensando na possibilidade de minimizar os riscos, pense se é necessário lançar um produto completo no mercado para resolver determinada demanda. As empresas de tecnologia têm o chamado MVP, ou produto mínimo, que é uma versão básica de uma ideia maior.

Com ele, você consegue testar a reação tanto de consumidores quanto concorrentes e aprimorar o que for necessário antes de chegar ao produto final. Por falar nisso, o conceito de final tem sido cada vez menos utilizado para determinar produtos, uma vez que todos estão em constante aperfeiçoamento. Se compararmos um Iphone hoje ao primeiro lançado, veremos que eles não têm praticamente nada em comum. O mesmo acontece com o Windows ou ao sistema operacional Android. Isso demonstra o quanto estes produtos evoluíram a partir de um modelo mais básico, de acordo com aquilo que era esperado pelo mercado.

Da mesma forma, vários produtos naufragaram com o tempo, gerando perdas milionárias para as empresas. Ter uma versão reduzida, com menor tempo de investimento, minimiza esse risco, e possibilita uma assertividade maior no desenvolvimento.

Tenha equipes multidisciplinares

Por fim, o gerenciamento de problemas complexos requer equipes multidisciplinares. Este assunto é delicado porque envolve uma grande capacidade de liderança e delegação de tarefas. O melhor líder conhece o mínimo necessário nas áreas técnicas, e sabe extrair de sua equipe o que cada um tem de melhor. Não dá para ser especialista em todas as funções, e por isso as equipes multidisciplinares têm maior chance de apresentar melhores resultados. Com esse tipo de abordagem, você consegue atrair e reter profissionais mais talentosos, e diferentes pontos de vista para as soluções apresentadas.

Pensar fora da caixinha, como dissemos, é mais do que um clichê. É uma abordagem profissional, que pode ser feita com diversas técnicas, e necessita de multidisciplinaridade. Um engenheiro sempre vai pensar na engenharia, um profissional de marketing no mercado, e um financista no dinheiro. Ter os três na mesma equipe pode gerar uma solução boa nos aspectos funcional, mercadológico e financeiro.

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